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CRIADORES – DEVE-SE TESTAR TODOS OS (CÃES) PADREADORES E MATRIZES, INDEPENDENTE DA RAÇA, PARA FUNÇÃO TIREOIDIANA (HIPOTIREOIDISMO)?

 

A resposta simples é sim.

 

O hipotireoidismo é a doença genética mais prevalente em cães e, mesmo assim, poucos são os criadores que se preocupam em ter seus reprodutores (padreadores e matrizes) testados. Por se tratar de uma doença bastante frequente antes da formação das raças está presente atualmente em todos os cães. Apesar de algumas raças serem mais afetadas, o hipotireoidismo ocorre em todas as raças (e em cães SRD) e seus efeitos, assim como de todas as doenças endócrinas, são sistêmicos e bastante prejudiciais ao organismo.

 

Assim como outras doenças hereditárias, está nas mãos dos criadores reduzirem a incidência da doença em suas criações, e portanto, nos cães de raça pura. Como fazer isso?

 

O Hipotireoidismo primário em cães é causado principalmente por uma reação imuno-mediada (tireoidite linfocítica). Apesar dos sinais da doença se manifestarem em torno dos 4/6 anos de idade (quando mais de 80% da glândula está comprometida e o organismo não tem mais a capacidade de compensar o problema) os testes de função tireoidiana apresentam alterações muito antes das primeiras manifestações. Sabemos que a presença de autoanticorpos anti-tireoglobulina ocorre 3 a 4 anos antes da manifestação da doença e o aumento do TSH (hormônio produzido pela hipófise para estimulação da tireóide) também antecede em 1 a 2 anos a baixa dos hormônios tireoidianos (e o hipotireoidismo propriamente dito).

 

Quando testar?

A OFA recomenda que se iniciem os exames do animal com 1 ano (e se repita aos 2, 3, 4, 6 e 8 anos, para certificação). Do ponto de vista endocrinológico, recomenda-se que os primeiros testes iniciem quando os cães saudáveis atingirem a maturidade sexual (entre 10 a 14 meses em machos e no primeiro anestro - após 12 semanas do primeiro cio - em fêmeas) e pelo menos após 60 dias da vacinação. Os testes devem ser repetidos anualmente.

 

O que testar?

Recomendo um painel com mensuração de autoanticorpos anti-tireoglobulina, TSH e T4 livre (por diálise de equilíbrio). Os resultados são avaliados em acordo com a idade do indivíduo/fase da doença:

- normal: Ausência de anticorpos | TSH e T4livre normais;
- início de disfunção tireoidiana (1ª fase): aumento de anticorpos | TSH e T4livre normais
- 2ª fase: aumento de anticorpos e do TSH | T4livre normal
- 3ª fase: aumento de anticorpos e do TSH | T4livre diminuído – Hipotireoidismo manifesto
- 4ª fase: diminuição de anticorpos | aumento do TSH | T4livre diminuído – Hipotireoidismo manifesto

 

Como se percebe, a doença é progressiva. Qualquer alteração nos exames, como proposto acima, é razão para se realizarem novos testes confirmatórios, orientados por um Médico Veterinário Endocrinologista.

Nota: galgos (em geral) tem valores de referência diferentes dos normalizados pelos laboratórios

 

Médico Veterinário Endocrinologista Alexandre Bastos Baptista

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